quarta-feira, 18 de março de 2015

Meus primeiros contatos com a ESCOLA.


Minhas primeiras instruções foi na Escola Municipal Almerinda Galvão no povoado da Palmeirinha, Município de Aiquara BA, onde recordo com bastante clareza o período de alfabetização com a professora Maria Antônia. Ela era ótima, meiga, carinhosa, criativa, jamais esquecerei um dia, que a pró trouxe para aula uma TV feita com caixa de papelão e cabos de vassouras para contar história, fiquei encantada se já gostava dela, fiquei apaixonada, eu tinha seis anos de idade nessa época,hoje percebo que escolhi a docência por influência principalmente desta professora.
Na primeira série eu e minha família nos mudamos para o Município de Marcionílio de Souza BA, muito distante da Palmeirinha e diferente principalmente o clima, no início foi muito difícil a adaptação. Eu e meus irmãos fomos estudar na Escola Estadual Euridice Santana no ano de 1989, entrei na primeira série turma da professora Raimunda, muito meiga e carinhosa, ela fez amizade com a minha mãe, alguns anos mais tarde tive a triste notícia que ela havia falecido de câncer no estômago. Nesse período de primário, conheci uma colega chamada Luciene Amorim, apelidada de Siu, com ela estabeleci uma amizade sólida, estudamos juntas da primeira até a quinta série, um fato que me marcou neste período, foi que a irmã mais velha de Siu pedia para eu dá “pesca” pra ela nas atividades avaliativas, pois ela tinha muita dificuldades em matemática.
Outro momento importante no primário foi na quarta série com a temida professora Luzia, o oposto das prós que eu havia estudo, era durona, rígida, porém era muito boa no que fazia  eu não tinha dificuldades em aprender.  Lucrei muito nesta época, porque na escola quase não tinha merenda, minha mãe não tinha dinheiro para me dá, então eu respondia as atividades dos colegas e eles me pagavam,passava pesca com muita dificuldade e medo, pois a pró Luzia era muito sagás, assim tinha lanche sempre. Uma vez fiquei muito chateada com a pró Luzia, num dia de teste de matemática era só para armar e resolver as quatro operações, mas ela não me deu dez só porque troquei o lugar de colocar o sinal das contas de adição e subtração, nesse dia perdi para meu rival e amigo Artuh, que tirou muito sarro da minha cara. Ele sempre conseguia desequilibrar um pouco a pró com suas peraltices, logo em seguida a conquistava com algum mimo ou gesto de carinho.
Na quinta série continuei com a maioria dos colegas do primário inclusive Siu e ganhando meus trocados. Conquistei a assídua freguesa Ariane que tinha muita dificuldade e me dava muitas caixas de chocolate, inclusive muito cara para aquela época, mais tarde descobri que ela roubava dinheiros dos avôs e minha mãe me proibiu de manter contato com ela. Na Escola Eurídice Santana, estudei até a quinta série em 1993, e outra vez tivemos que nos mudar, agora para Jequié, inicio de 1994.
Estudei a sexta série na Escola Municipal Estela Câmara D’bois, fui premiada no final do ano como aluna de melhor desempenho da sexta série, pela excelente professora de Língua Portuguesa Dalva. Recordo-me muito bem que foi um ano muito difícil, pois havíamos mudado de cidade e meus pais tiveram dificuldades em arrumar emprego, a escola era bem distante de onde eu morava, tinha que acordar muito cedo e as vezes a preguiça era tamanha que eu já dormia fardada, mas nunca faltei um dia de aula. Hoje, as prós que me ensinaram naquela época são minhas colegas de trabalho.
Na sétima série (1995) e oitava (1996) freqüentei o ColégioEstadual Centro Integral Governador Luíz Viana Filho, no qual gostei muito da professora de Língua Portuguesa Pró Amália, tinha dificuldades em Química, mas consegui passar de ano sem recuperação final. Neste período perdi meu pai, este foi um momento muito difícil para minha família, pois além da dor provocada pela sua ausência, a minha mãe tinha que se virar sozinha para sustentar eu e meus quatro irmãos, além disso fomos morar em umacasa muito pequena com apenas dois cômodos– banheiro e sala.

Primeiros passos de iniciação à docência.

Após ter concluído a oitava série, fui cursar o magistério no IERP (Instituto de Educação Rêgis Pacheco) de 1997 até 1999, tive a oportunidade de estudar com três professoras singulares, Lídia Barreto, Márcia Guimarães e Socorro Cabral, as quais contribuíram significativamente para a minha formação inicial na docência. Nesse período fui trabalhar como babá, nos finais de semana, para ajudar nas despesas da família. Em 1998, minha irmã Fernanda passou no concurso da Policia Militar, a partir deste momento nossas vidas começaram a mudar. Antes da minha formatura prestei concurso para lecionar pela Prefeitura Municipal de Jequié (2000), incentivada por minha mãe, e graças à Deus passei e fui trabalhar em uma escola na região Riacho dos Piaus no distrito de Florestal, assumir  a regência de uma sala multissériada,momento ímpar em minha vida, uma experiência marcada por muita determinação, anseios , superação e desafios.
Através deste trabalho tive oportunidades de enriquecer minha prática por meio de cursos como o PROFA (Programa de Professores Alfabetizadores) PCNs em Ação, muitos fóruns e jornadas pedagógicas.

Do magistério para a Universidade.

Ingressei na Universidade em 2004, fiz o curso de Educação Infantil e Séries Iniciais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Na universidade Le e aprendi sobre teorias e pensadores importantes que fundamentam a nossa prática educativa como, Paulo Freire suas idéias, e conceitos libertadores; Vigotsky apontando a importância do sócio-interacionismo, Ausubel sinalizando a necessidade de atividades significativa para uma aprendizagem efetiva, Philippe Perrenoud com o conceito das competências e Skinner e sua teoria do behaviorismo, na qual o aluno é uma tabula rasa a ser preenchida.
A partir dessas leituras, dos debates e seminários realizados durante o curso, pude refletir e analisar a minha prática, tendo a certeza que só a educação é “libertadora” e instrumento de aproximação, socialização dos sujeitos e nós professores apenas o mediador, como afirma Piaget “o professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas”.  
      Casei em 2005, em 2007, fui contemplada com a gravidez e o nascimento do meu primeiro filho, neste mesmo ano concluir minha licenciatura, em 2008-2009, cursei uma pós- graduação em Psicopedagogia, tendo os ensinamentos da professora Sonilda e o professor Gilmar como referências positivas deste curso.

Da sala de aula a gestão da ESCOLA.

 Em 2009, assumir o cargo de gestora na Escola Municipal Profª Vilma Brito Sarmento, por indicação das minhas colegas de trabalho, fiquei nove dias sem conseguir dormir, tinha muito medo, receio, angustia de não conseguir dar conta de tamanha responsabilidade e de não saber lidar com as situações adversas que um diretor enfrenta, por não ter experiência em gestão. Superei vários estigmas com ajuda das minhas companheiras e do curso Progestão, que me ajudaram a conduzi a Escola da melhor maneira possível, para proporcionarmos um pouco mais de dignidade as crianças a qual atendemos. Este foi um momento de muito engajamento pessoal e profissional, marcados pela troca de saberes entre pais, alunos, professores, funcionários, colegas, gestores de outras unidades escolares e estagiários. Essa experiência ajudou-me a melhorar como pessoa, como professora, como diz Paulo Freire “A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática.” (1991,p. 58).